Um profissional desprevenido pode virar chacota ou até mesmo vítima de pessoas com má índole
É recorrente lermos ou vermos noticiários em que jornalistas, carregados por vícios de linguagem, afirmam em reportagens pós-entrevista com seus personagens factuais que tais "garantiram" alguma coisa. Por exemplo: em uma entrevista com o político Fredegundo, o repórter ao fazer a locução ou escrever o texto, encerra o trecho assim: "garantiu Fredegundo".
Trata-se exatamente de um vício; muito mais do que isso, uma armadilha. Quem dá a entrevista não garante nada. Apenas conta sua versão dos fatos. Quando um profissional de comunicação afirma que seu entrevistado "garantiu" algo, o que se entende nas entrelinhas é que o repórter é uma testemunha, de repente, até cúmplice. Um jornalista desprevenido pode virar chacota ou até mesmo vítima de pessoas com má índole.
Há quem adore o verbo "garantir". Caso você seja um deles, prefira terminar as citações diretas ou indiretas de uma entrevista com termos como "afirmou garantir", "disse garantir". Opte, também, pelos tradicionais "disse", "destacou", "afirmou". "defendeu-se".
Lembre-se: o texto jornalístico tem compromisso com a Norma Culta, porém, não se deve usar palavras rebuscadas nem filosofar pelas linhas de pauta adentro. Use palavras simples, claras e objetivas.
* Rodrigo Trindade é formado em Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo. Também licenciado em Letras - Português, Inglês e Respectivas Literaturas. Atua como repórter, como assessor de comunicação organizacional e também como professor e consultor de língua portuguesa. Saiba mais: www.jornalistarodrigotrindade.com.br
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