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Novo Acordo Ortográfico: espante o bloqueio e adeque-se às novas regras

Atualizado: 28 de mar. de 2021

Ano de 2021 presente e muitas pessoas parecem desconhecer as mudanças


(Artigo atualizado em março de 2021)


Arte: Portal WTB News
Arte: Portal WTB News

Na tentativa de unificar a ortografia da língua portuguesa nos países falantes deste idioma, passou a vigorar no Brasil e nas nações da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CLP) (Nota de Rodapé 1) em 1º de janeiro de 2009 o Novo Acordo Ortográfico.


A empreitada veio para, supostamente, "promover a união e proximidade dos países que têm a língua portuguesa como idioma oficial" (Nota de Rodapé 2). Vale ressaltar que muitas questões de ordem política estão envolvidas nesse acordo e atualmente há críticas contra e a favor. O que se sabe, porém, é que cada nação tem suas peculiaridades e elas devem (ou deveriam) ser respeitadas. Tire um tempo e reflita: Quais os interesses políticos dessa mudança? A quem interessaria? Você é contra ou a favor do novo acordo? Em que ele ajuda? Onde ele atrapalha?


AFINAL, O QUE MUDOU?


O Novo Acordo Ortográfico colocou muita gente de cabelo em pé, sobretudo jornalistas, redatores, professores e todos aqueles que têm o texto como um afazer diário. Vejamos, em resumo, o que mudou:


1) Acentuação


>TREMA(ü): deixou de existir em todas as palavras da língua portuguesa. As palavras consequência, cinquenta, frequência e muitas outras devem ser grafadas sem o trema em cima da letra [u].


>DITONGOS (Nota de Rodapé 3): em palavras paroxítonas (Nota de Rodapé 4) com os ditongos [ei] e [oi] os acentos deixaram de existir. Por exemplo, as palavras "ideia", "geleia", "paranoia", "centopeia", "joia", "estreia", "europeia", "entre outras", não poderão ser acentuadas.


>HIATOS (Nota de Rodapé 5): Perderam os acentos circunflexos. As palavras "enjoo", "voo", "perdoo", "abençoo", "veem", "leem", entre outras, devem ser grafadas sem o famoso “chapeuzinho” [ô].


>ACENTOS DIFERENCIAIS: eram usados para distinguir duas palavras iguais com significados diferentes, como por exemplo "pára" (do verbo parar) e "para" (preposição). Estes, porém, deixaram de existir nas palavras acima e nos seguintes casos: "para" (verbo); "pelo" (substantivo) e que se diferencia da preposição "pelo"; "pera" (fruta); "polo" (local, base), entre outras. Mas atenção à exceção da regra! O acento diferencial permanece nas palavras "pôde" (passado), "pode" (presente), "pôr" (verbo) e "por" (preposição).


2) O Alfabeto


Com o Novo Acordo Ortográfico, o alfabeto brasileiro ganhou (oficialmente) mais três letras, passando de 23 para 26 caracteres, a saber: foram incluídos o [K], o [W] e o [Y]. Sabemos, porém, que a inclusão destas três letras não é novidade para nós, pois as mesmas já eram usadas em muitas situações: siglas, palavras de outras línguas e até mesmo nomes próprios já exploravam tais grafemas.


Exemplos: "Km" (abreviação de quilômetro), "W" (abreviação de watts), "Kg" (abreviação de quilograma); e ainda nos nomes próprios "Waldir", "Wellington", "Washington", "Kaiser", "Franklyn", entre outros.


3) O Hífen


De todas as mudanças trazidas pelo Novo Acordo Ortográfico, as mais complexas têm sido as relacionadas ao uso do hífen. Mas, afinal: onde usar e onde não usar?


Regra 1: Com prefixos, usa-se sempre o hífen diante de palavra iniciada por [h]. Exemplos: "anti-higiênico", "anti-histórico", "co-herdeiro", "macro-história", "mini-hotel", "super-homem". Exceção: "subumano" (nesse caso, a palavra humano perde o [h]).


Regra 2: Não se usa hífen quando o prefixo termina em vogal diferente da vogal com que se inicia o segundo elemento. Exemplos: "aeroespacial", "agroindustrial", "anteontem", "antiaéreo". Exceção: o prefixo [co] se junta com o segundo elemento, mesmo quando este se inicia por [o]: "coobrigar", "coobrigação", "coordenar", "cooperar", etc.


Regra 3: Não se usa hífen quando o prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa por consoante diferente de [r] ou [s]. Exemplos: "anteprojeto", "antipedagógico", "autopeça", "anticristo", "autoproteção", "coprodução", "geopolítica", "microcomputador". Atenção: com o prefixo [vice], usa-se sempre o hífen. Exemplos: "vice-rei", "vice-almirante", "vice-versa", etc.


Regra 4: Não se usa hífen quando o prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa por [r] ou [s]. Nesse caso, duplicam-se essas letras. Exemplos: "antirrábico", "antirracismo", "antirreligioso", "antirrugas", "antissocial", "biorritmo", "contrarregra", "contrassenso", "cosseno". Exceção: "guarda-roupa", apesar de terminar com vogal e o segundo elemento começar com [r], neste caso não se duplica o [r], porque "guarda" não é um prefixo, mas, sim, uma forma verbal - verbo guardar.


Regra 5: Quando o prefixo termina por vogal, usa-se o hífen se o segundo elemento começar pela mesma vogal. Exemplos: "anti-ibérico", "anti-imperialista" "anti-inflacionário", "anti-inflamatório", "auto-observação", "contra-almirante", "micro-ônibus", "micro-ondas".


Regra 6: Quando o prefixo termina por consoante, usa-se o hífen se o segundo elemento começar pela mesma consoante. Exemplos: "hiper-requintado", "inter-racial", "inter-regional", "sub-bibliotecário".


Regra 7: Quando o prefixo termina por consoante, não se usa o hífen se o segundo elemento começar por vogal. Exemplos: "hiperacidez", "hiperativo", "interescolar".


Regra 8: Com os prefixos ex, sem, além, aquém, recém, pós, pré, pró, usa-se sempre o hífen. Exemplos: "além-mar", "além-túmulo", "aquém-mar", "ex-aluno", "ex-diretor", "ex-hospedeiro", "ex-prefeito", "pós-graduação", "pós-guerra", "pós-venda", "pré-vestibular", "pró-ditadura".


Regra 9: Deve-se usar o hífen com os sufixos de origem tupi-guarani: "açu", "guaçu" e "mirim". Exemplos: "amoré-guaçu", "anajá-mirim", "capim-açu" e em outras palavras que tais sufixos apareçam.


Regra 10: Deve-se usar o hífen para ligar duas ou mais palavras que ocasionalmente se combinam, formando não propriamente vocábulos, mas encadeamentos vocabulares. Exemplos: "ponte Rio-Niterói" (ou "Ponte Rio-Niterói"), eixo "Rio-São Paulo".


Regra 11: Não se deve usar o hífen em palavras que perderam a noção de composição, segundo novo acordo, ou naquelas já popularmente consagradas e incorporadas ao nosso vocabulário. Exemplos: "girassol", "madressilva", "mandachuva", "paraquedas", "parabrisas", "paraquedista", "pontapé".


Regra 12: Importante! Para clareza gráfica, se no final da linha (em quebra de uma linha para outra) a partição de uma palavra ou combinação de palavras coincidir com o hífen, ele deve ser repetido na linha seguinte. Exemplos: Na cidade, "conta-(pula linha)-se" que ele foi viajar. O diretor recebeu os "ex-(pula linha) -alunos".


Ressalva 1: Nos casos abaixo, não abordados nas regras acima, não se usa hífen: "hipermercado", "intermunicipal", "superinteressante", "superproteção". Com o prefixo [sub], usa-se o hífen também diante de palavra iniciada por [r]: "sub-região", "sub-raça", etc. Com os prefixos [circum] e [pan], usa-se o hífen diante de palavra iniciada por [m], [n] e vogal: "circum-navegação", "pan-americano", etc.


Ressalva 2: Embora com o Novo Acordo Ortográfico, a grafia e acentuação de algumas palavras tenham mudado, a pronúncia não mudará.


NOTAS DE RODAPÉ

(1)- Países membros da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CLP): Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe, Timor Leste, Brasil e Portugal.

(2)- Reprodução de uma citação direta do Portal Brasil Escola, que difunde informações oficiais do Governo Federal.

(3)- Uma palavra paroxítona é aquela que tem o acento tônico na penúltima sílaba. Também é chamada de palavra grave.

(4)- Ditongo é o encontro de duas vogais pronunciadas em uma só sílaba, como acontece em ideia.

(5)- Os hiatos se caracterizam por uma repetição de vogais que pertencem a sílabas diferentes, como podemos verificar em enjoo.


Com referências do Portal Como Escreve, Brasil Escola e Portal Infoescola.


* Rodrigo Trindade é formado em Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo. Também licenciado em Letras - Português, Inglês e Respectivas Literaturas. Atua como repórter, como assessor de comunicação organizacional e também como professor e consultor de língua portuguesa. Saiba mais: www.jornalistarodrigotrindade.com.br

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