top of page
  • Foto do escritorRodrigo Trindade

Opinião: A vida, o tempo, as coisas inúteis e quando as pessoas amadas vão embora

Atualizado: 9 de mar de 2020

É um mistério. Não sabemos o motivo de gente tão linda ser retirada de nós.


*Texto de Rodrigo Trindade. Publicado originalmente no Portal SRZD, em homenagem póstuma à Vera Rezende, até então diretora daquele veículo.


Sempre me pego questionando o sentido da vida e de nossa passagem aqui no planeta. Quem nunca fez isso um dia? Tais perguntas fogem do viés religioso e vão muito além. Trata-se de nossa (sobre)vivência como ser humano em carne, osso, psiquê e coisa e tal. É uma questão objetiva e, de certa forma, palpável, tangente.


Fato é que até agora ninguém deu respostas a isso tudo; nem a ciência e nem a espiritualidade sabem ao certo. Não existe verdade absoluta. E não me venha com firulas. A única informação que temos até agora é que nossa existência é finita e que estamos sujeitos às intempéries da vida. E mais: somos seres insignificantes a tudo isso. Eu explico: basta uma doença séria para nos levar "embora"; e na pior das hipóteses, um raio para nos partir ao meio, como se fôssemos um biscoito "cream cracker" esfarelado no chão. Ou estou mentindo?

SOBRE RELATIVIZAR A VIDA E VIVÊ-LA INTENSAMENTE

Divagando pela minha mente e relativizando a vida (algo que se deve fazer com cautela para não entrar em depressão), levanto muitas hipóteses sobre diversas questões. Traço paralelo ao mundo moderno em que vivemos e chego a quase uma convicção de que as relações sociais estão numa "UTI". Devo "estar sendo" repetitivo - é que tantos já falaram nisso. É, todos falam, mas ninguém aprende. Não aprendemos a valorizar as coisas mais simples da vida, que vai desde o cafezinho da manhã a um bate-papo ao vivo com um amigo ou um parente, por exemplo, que podem não estar conosco amanhã ou daqui a um minuto.

Quando as redes sociais virtuais surgiram, até achei que muitas coisas melhorariam e problemas seriam sanados. Que nada! Houve um aumento absurdo do ego (leia-se também egoísmo), da vaidade sem bom senso e da concorrência entre quem é mais feliz, melhor, mais bem colocado, melhor empregado, melhor na foto e outras bizarrices. Sim, a internet não deu solução à frieza das pessoas. Apenas potencializou as piores características que uma criatura pode ter. Vejo cenas que me remetem ao antigo desenho "Corrida Maluca". Não é para rir. É para chorar e cortar os pulsos. Preciso explicar?

A METÁFORA DO VASO ROSA COM FLORES CHEIROSAS

Mas onde quero entrar com tudo isso? A questão é simples. Perdi na primeira semana do mês de abril uma grande amiga e incentivadora. Era uma pessoa linda, iluminada e alva como neve. Mergulhe em minha metáfora: imagine um vaso bonito, cor-de-rosa, cheio de flores lindas e cheirosas; com brilho e sem nenhuma rachadura. Pessoas assim são raras.


Ao saber da notícia, imediatamente, recorri à Corte Celestial para cancelar a possível brincadeira de mau gosto. Perguntei a Deus: qual seria o propósito de retirar da Terra pessoas tão boas e que só contribuem para o bem-estar social? Obviamente que ele não se materializou para me explicar. Ainda não caduquei. Porém, o que me veio em mente é que as pessoas maduras, iluminadas e "prontas" são consideradas aptas a viver em um lugar muito melhor do que isso aqui; tais pessoas já "combateram o bom combate", fizeram história e ainda ajudaram a formar outros cidadãos de bem, contribuindo de alguma forma. Portanto, se foram. Ou foram levadas.


Fui criado em uma família católica apostólica romana, mas no final de minha adolescência, comecei a seguir uma outra linha do cristianismo. Sou cristão e não abro mão! Me considero bastante moderno e não tenho paranoias nem paradigmas. Mas digo o seguinte: o sistema religioso me enoja e isso é outro assunto.

VAMOS NOS UNIR ENQUANTO HÁ TEMPO

Bom, não satisfeito com o que veio à minha mente, ainda assim, continuo a questionar qual seria o motivo de tantas pessoas socialmente úteis e especialmente incríveis irem embora assim, tão de repente. É, nunca teremos uma resposta concreta para dores tão profundas pelas quais passamos quando um ente querido ou um conhecido morre. Mas, uma dica que pode servir para todos nós é sempre estar ao lado de quem amamos: do cachorro à avó, passando por mãe, filhos, amigos, vizinhos e tudo mais. Em um piscar de olho, tudo acaba como se fosse o último capítulo de uma novela ou série emocionante. Mas só que vivemos fora da ficção e os momentos bons não costumam voltar mais.

PS: Vera Lucia Rezende, minha grande amiga e incentivadora: esteja em paz, pessoa amada por muitos!

Vera Rezende. Foto: Acervo SRZD. Arte: Marcio Pimentel
Vera Rezende. Foto: Acervo SRZD. Arte: Marcio Pimentel

 

* Rodrigo Trindade é formado em Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo. Também licenciado em Letras - Português, Inglês e Respectivas Literaturas. Atua como repórter, como assessor de comunicação organizacional e também como professor e consultor de língua portuguesa. Saiba mais: www.jornalistarodrigotrindade.com.br


bottom of page