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  • Foto do escritorRodrigo Trindade

Carnaval 2019: 14 escolas de samba desfilam pelo Grupo Especial do Rio neste domingo e segunda

Atualizado: 6 de mar. de 2019

Apresentações devem começar às 21h30. Veja a ordem dos desfiles e os enredos.

Desfiles na Marquês de Sapucaí. Foto: Rodrigo Trindade
Desfiles na Marquês de Sapucaí. Foto: Rodrigo Trindade

Logo após a passagem das 13 escolas de samba da Série A, sexta e sábado, uma nova maratona agitará o domingo e segunda: é a vez das grandes agremiações desfilarem pelo Grupo Especial.



As apresentações na Marquês de Sapucaí devem começar por volta das 21h30, nos dois dias de desfiles. Há uma diversidade de temas, que vão de homenagens a personalidades, a lugares, e até mesmo súplicas e clamor da fé.


Confira as escolas que desfilam domingo e segunda, pelo Grupo Especial, no Sambódromo do Rio:


Ordem dos desfiles
Domingo, 3 de março

1- Império Serrano (Madureira, Rio)

Enredo: "O que é, o que é?"

Carnavalesco: Paulo Menezes

Letra do samba:

(Compositor: Gonzaguinha)


Viver

E não ter a vergonha de ser feliz

Cantar, e cantar, e cantar

A beleza de ser um eterno aprendiz

Ah, meu Deus!

Eu sei

Que a vida devia ser bem melhor e será

Mas isso não impede que eu repita

É bonita, é bonita e é bonita


E a vida

E a vida, o que é?

Diga lá, meu irmão

Ela é a batida de um coração

Ela é uma doce ilusão

Mas e a vida

Ela é maravilha ou é sofrimento?

Ela é alegria ou lamento?

O que é, o que é?

Meu irmão


Há quem fale que a vida da gente

É um nada no mundo

É uma gota, é um tempo

Que nem dá um segundo

Há quem fale que é um divino mistério profundo

É o sopro do criador numa atitude repleta de amor


Você diz que é luta e prazer

Ele diz que a vida é viver

Ela diz que melhor é morrer

Pois amada não é

E o verbo é sofrer


Eu só sei que confio na moça

E na moça eu ponho a força da fé

Somos nós que fazemos a vida

Como der, ou puder, ou quiser


Sempre desejada, por mais que esteja errada

Ninguém quer a morte, só saúde e sorte


E a pergunta roda, e a cabeça agita

Fico com a pureza da resposta das crianças

É a vida, é bonita e é bonita

 

2- Viradouro (Niterói, RJ)

Enredo: "Viraviradouro"

Carnavalesco: Paulo Barros

Letra do samba:

(Compositores: Bebeto Maneiro / Carlinhos Viradouro / Jr. Filhão / Ludson Areia / Raphael Richaid / Renan Gemeo / Ricardo Neves / Thiago Carvalhal)


Quem me viu chorar, vai me ver sorrir

Pode acreditar, o amor está aqui

Viraviradouro iluminou

O brilho no olhar voltou


Se tem magia, encanto no ar

Eu vou viajar ouvindo histórias

De um livro secreto, mistérios sem fim

Vovó desperta a infância em mim

Em cada verso sou mais um menino

Que muda a sorte e sela o destino

Lançado o feitiço pra vida virar

Pro bem ou pro mal é carnaval

E na fantasia a minha alegria é um sonho real


No reino da ilusão o amor seduz o vilão

Num conto de fadas, a felicidade

Invade o meu coração pra cantar

Deixando a tristeza do lado de lá


E quem ousou desafiar a ira divina

Vagou no mar

Cego pela sede da ambição

Carregando a sina dessa maldição

Seres da sombria madrugada

O medo caminhou na escuridão

Mas a coragem que me faz lutar

É a esperança, razão de sonhar

Imaginar e renascer no sol de cada amanhecer

Das cinzas voltar

Nas cinzas vencer

 

3- Grande Rio (Duque de Caxias, RJ)

Enredo: "Quem Nunca? Que Atire a Primeira Pedra"

Carnavalesco: Renato Lage

Letra do samba:

(Compositores: Moacyr Luz / Licinho Júnior / G. Martins / Elias Bililico / Cláudio Russo / André Diniz)


Quem nunca sorriu da desgraça alheia?

Quem nunca chorou de barriga cheia?

Eu sou Caxias de tantos carnavais

Falam de mim, eu falo de paz


Tá errado, não importa quem errou

O pecado e o pecador

Sempre estão do mesmo lado

Tá errado, sem lição nem professor

Se o espinho fere a flor

O amor é maculado

No jeitinho que impera nessas bandas

É mais fácil o mau caminho pra jogar no tabuleiro

Na verdade do espelho

Quando a razão desanda

Vai seguindo em desalinho

Mesmo com o sinal vermelho


Atire a primeira pedra aquele que não erra

Quem nunca se arrependeu do que fez

Na vida todo mundo escorrega

Melhor se machucar só uma vez


Cardume de garrafas pelo mar

Nem tarrafa nem puça alimentam o pescador

E a cisma de atender o celular

Pra curtir, compartilhar

Zombar do perigo, largar o amigo, perder o pudor

Quem aí tá podendo julgar?

Não consegue ouvir outra voz

Cada um foi pensando em si

Olha o que fizemos de nós

Então pegue seu filho nas mãos

Educar é um desafio

Se errei peço perdão

Renasce a Grande Rio

 

4- Salgueiro (Tijuca, Rio)

Enredo: "Xangô"

Carnavalesco: Alex de Souza

Letra do samba:

(Compositores: Dema Chagas / Vanderlei Sena / Renato Galante / Marcelo Motta / Leonnardo Gallo / Getúlio Coelho / Fred Camacho / Francisco Aquino)


Olori Xango eieô

Olori Xango eieô

Kabesilé, meu padroeiro

Traz a vitória pro meu Salgueiro


Vai trovejar!

Abram caminhos pro grande Obá

É força, é poder, o Aláàfin de Oyó

Oba Ko so! Ao rei maior

É pedra quando a justiça pesa

O Alujá carrega a fúria do tambor

No vento, a sedução (Oyá)

O verdadeiro amor (Oraiêiêô)

E no sacrifício de Obà (Obà Xi Obà)

Lá vem Salgueiro!


Mora na pedreira, é a lei da Terra

Vem de Aruanda pra vencer a guerra

Eis o justiceiro da Nação Nagô

Samba corre gira, gira pra Xangô


Rito sagrado, ariaxé

Na igreja ou no candomblé

A bênção, meu Orixá!

É água pra benzer, fogueira pra queimar

Com seu oxê, chama pra purificar

Bahia, meus olhos ainda estão brilhando

Hoje marejados de saudade

Incorporados de felicidade

Fogo no gongá, salve o meu protetor

Canta pra saudar, Opanixé kaô!

Machado desce e o terreiro treme

Ojuobá! Quem não deve não teme

 

5- Beija-Flor (Nilópolis, RJ)

Enredo: "Quem Não Viu Vai Ver… As Fábulas do Beija-Flor"

Carnavalesco: Comissão de Carnaval

Letra do samba:

(Compositores: Serginho Aguiar / Rogério Coutinho / Márcio França / Kirraizinho / Kaká Kalmão / Julio Assis / Jorge Ayla / Fabinho Ferreira / Diogo Rosa / Diego Oliveira / Di Menor BF / Carlinhos Ousadia)


Oh, deusa

Tem festa no meu coração

Desfilo toda gratidão

Razão do meu cantar, a luz do meu viver

O que seria de mim sem você?


Nascido feito o rei menino

Em ninho de amor e humildade

Meu pai direcionou o meu destino

Voar nas asas da felicidade


E arrisquei um voo nesse lindo azul

Um mundo encantado pude recordar

Em fábulas bordei a fantasia

Ê, saudade que mareja o meu olhar


Herdeiro dessa terra me tornei

Cantei nossos recantos, tradições

Sou eu aquele festival de prata

Que na pista arrebata tantos corações


Ô ô ô ô, axé que no sangue herdei

No meu quilombo, todo negro é rei

Abre a senzala! Abre a senzala, ô!

Nesse terreiro o samba é a voz que não cala

Abre a senzala! Abre a senzala, ô!

Nesse terreiro o samba é a voz que não cala


Cresci ouvindo acordes entre doces melodias

A bela dama retratada em poesia, e o canto de cristal

A simplicidade no amor, aquele beijo na flor

Fez mais um sonho real


Pátria amada da ganância

Eu pedi socorro pelos filhos teus

Algoz da intolerância

Mesmo proibido, fui a voz de Deus


Toda essa grandeza vem da nossa gente

Que esquece a dor e só quer sambar

É por esse amor que o meu valor me faz brilhar

Comunidade me ensinou

A ser apaixonado como eu sou, eu sou

Ontem, hoje, sempre Beija-Flor

 

6- Imperatriz Leopoldinense (Ramos, Rio)

Enredo: "Me Dá Um Dinheiro Aí"

Carnavalescos: Mário Monteiro e Kaká Monteiro

Letra do samba:

(Compositores: Dudu Miler / Elymar Santos / Jorge Arthur / Julinho Maestro / Maninho Do Ponto / Marcio Pessi)


Me dá, me dá, me dá me dá um dinheiro aí

Gostei da comissão, me dá meu faz-me rir

Pra investir no sonho e vestir a fantasia

Quero renda na baiana, nota 10 na bateria


A tentação seduziu a poesia

Da volta todo dia é a oferta e a demanda

Pecado capital da humanidade

Senhor da desigualdade

Sempre diz quem é que manda

O arqueiro ergueu, aquela gente oprimida e sem paz

Perdeu meu bem, pobre fortuna, nobres ideais

Midas com o seu dedo de ouro

Condenou a própria filha a viver numa prisão

Prata, pixulé, papel moeda e o homem escorrega

Mete o pé na ambição


Troca-troca ê na beira da praia

Troca-troca ê na beira da praia

Um espelho por cocar, o negocio é um pecado

Ouro no mercado negro, negro é ouro no mercado


Tempos modernos, onde vidas valem menos

Boas ações não representam dividendos

A roda gira pro mais forte, poucos tem a sorte

De virar o jogo que o destino fez

Tem pato mergulhado no dinheiro

E o povo brasileiro nada por migalhas outra vez

Se é pra poupar

O porquinho pode até ser virtual

Hashtag no infinito, com cascalho

Eu to bonito no espaço sideral

Imperatriz, sentimento não tem preço, tem valor

Eu não vendo e não empresto

O meu eterno amor

 

7- Unidos da Tijuca (Tijuca, Rio)

Enredo: "Cada Macaco No Seu Galho. Ó, Meu Pai, Me Dê o Pão Que Eu Não Morro de Fome!"

Carnavalescos: Comissão de Carnaval

Letra do samba:

(Compositores: Renan Filho / Marcio André / Maia / Junior Trindade / Diego Moura / Daniel Katar / Channel)


Hoje a Tijuca pede em oração

Veste a fantasia pra fazer o bem

Multiplica o sagrado pão

Amém (amém)


Meu filho

Como é lindo o amanhecer

Reflete o Sol, a criação

Um bom dia a renascer

Pelos olhos do pavão

Sou a fé na vida

Esperança da massa

Aquele que na dor te abraça

Sou eu, a verdade pra quem pede luz

Carregando a sua cruz

O alimento em comunhão

Princípio da salvação


Ouço chamar meu nome

Ouço um clamor de prece

Choro ao te ver com fome

Sou o cordeiro que a alma fortalece


Só existe um caminho (por favor)

Cada um faz seu destino (meu senhor)

As migalhas do poder que o diabo amassou

Estão dentro de você

As mãos unidas vem pedindo o perdão

Gente sofrida com a paz no coração

Dividem o pouco que tem pra comer

Dividem o pouco que tem pra comer


Ó, meu pai, o seu amor é a receita

Iluminai, que não me falte o pão na mesa

Derrame igualdade, prosperidade

As bênçãos do céu

Se Deus é por nós, escute a voz

Que vem do meu Borel

 
Ordem dos desfiles
Segunda, 4 de março

1- São Clemente (Botafogo, Rio)

Enredo: "E o Samba Sambou..."

Carnavalesco: Jorge Silveira

Letra do samba:

(Compositores: Chocolate / HELINHO 107 / Mais Velho / Nino)


Vejam só!

O jeito que o samba ficou e sambou

Nosso povão ficou fora da jogada

Nem lugar na arquibancada

Ele tem mais pra ficar

Abram espaço nesta pista

E por favor não insistam

Em saber quem vem aí

O mestre-sala foi parar em outra escola

Carregado por cartolas

Do poder de quem dá mais

E o puxador vendeu seu passe novamente

Quem diria, minha gente

Vejam o que o dinheiro faz


É fantástico!

Virou Hollywood isso aqui (isso aqui)

Luzes, câmeras e som

Mil artistas na Sapucaí


Mas o show tem que continuar

E muita gente ainda pode faturar

Rambo-sitores, mente artificial

Hoje o samba é dirigido com sabor comercial

Carnavalescos e destaques vaidosos

Dirigentes poderosos criam tanta confusão


E o samba vai perdendo a tradição


Que saudade

Da Praça Onze e dos grandes carnavais


Antigo reduto de bambas

Onde todos curtiram o verdadeiro samba

 

2- Vila Isabel (Vila Isabel, Rio)

Enredo: "Em Nome do Pai, do Filho e dos Santos, a Vila Canta a Cidade de Pedro"

Carnavalesco: Edson Pereira

Letra do samba:

(Compositores: André Diniz / Dedé Augusto / Evandro Bocão / Ivan Ribeiro / Julio Alves / Marcelo Valencia / Professor Wladimir)


Viva a princesa e o tambor que não se cala

É o canto do povo mais fiel

Ecoa meu samba no alto da serra

Na passarela, os herdeiros de Isabel


Vila, te empresto meu nome

Fonte de tanta nobreza

Por Deus e todos os santos

Honre a tua grandeza

E subindo, pertinho do céu

A névoa formava um véu

Lembrei de meu pai, minha fortaleza

Esculpida em pedras, pedros e coroados

Os seus guardiões, protetores de raro esplendor

Luar do imperador


Meu olhar lacrimejou

Em águas tão cristalinas

Uma cidade divina

Bordada em nobre metal, a joia imperial


Petrópolis nasce com ar de Versalhes

Adorna a imensidão

A luz assentou o dormente

Fez incandescente a imigração

No baile de cristal, o tom foi redentor

Em noite imortal, floresceu um novo dia

Liberdade, enfim, raiou


Não vi a sorte voar ao sabor do cassino

Segundo o dom que teceu o destino

Meu sangue azul no branco desse pavilhão

O morro desce em prova de amor

Encontro da gratidão


Viva a princesa e o tambor que não se cala

É o canto do povo mais fiel

Ecoa meu samba no alto da serra

Na passarela, os herdeiros de Isabel


Viva a princesa e o tambor que não se cala

É o canto do povo mais fiel

Ecoa meu samba no alto da serra

Na passarela, os herdeiros de Isabel

 

3- Portela (Madureira, Rio)

Enredo: "Na Madureira Moderníssima, Hei Sempre de Ouvir Cantar Uma Sabiá"

Carnavalesco: Rosa Magalhães

Letra do samba:

(Compositores: Jorge Do Batuke / Zé Miranda / Valtinho Botafogo / Rogério Lobo / José Carlos / D’Souza / Claudinho Oliveira / Beto Aquino / Araguaci)


Nossas estrelas no céu estão em festa

Lá vem Portela com as bênçãos de Oxalá

No canto de um Sabiá, sambando até de manhã

Sou Clara Guerreira, a filha de Ogum com Iansã


Axé, sou eu

Mestiça, morena de Angola, sou eu

No palco, no meio da rua, sou eu

Mineira, faceira, sereia a cantar, deixa serenar

Que o mar de Oswaldo Cruz a Madureira

Mareia a brasilidade do meu lugar

Nos versos de um cantador

O canto das raças a me chamar

De pé descalço no templo do samba estou

É rosa, é renda pra Águia se enfeitar

Folia, furdunço, ijexá

Na festa de Ogum beira-mar

É ponto firmado pros meus orixás, Eparrei!


Eparrei Oyá, Eparrei

Sopra o vento, me faz sonhar

Deixa o povo se emocionar

Sua filha voltou, minha mãe


Pra ver a Portela tão querida

E ficar feliz da vida

Quando a Velha Guarda passar

A negritude aguerrida em procissão

Mais uma vez deixei levar meu coração

A Paulo, meu professor

Natal, nosso guardião

Candeia que ilumina o meu caminhar

Voltei à Avenida saudosista

Pro Azul e Branco modernista eternizar

Voltei, fiz um pedido à Padroeira

Nas Cinzas desta Quarta-feira, comemorar

 

4- União da Ilha (Cacuia, Ilha do Governador, Rio)

Enredo: "A peleja poética entre Rachel e Alencar no avarandado do céu"

Carnavalesco: Severo Luzardo

Letra do samba:

(Compositores: Cap. Barreto / Eli Doutor / Fernando Nicola / Marcelão Da Ilha / Marco Morena / Marinho / Myngal / Roger Linhares)


Vixi Maria! A ilha a cantar

Traçando em meus versos a minha alegria

Menina rendeira me ensina a bordar

No céu emoção, no chão simpatia


O Sol

Onde aquece a inspiração é luz

Meu sonho

É vida, vento, brisa à beira mar

Ouvindo poesias de Raquel

Suspiro nas histórias de Alencar

E hoje desfolhando meu cordel

Das lendas que ouvi no Ceará

É doce, é fogo, sabor e prazer

Aroma no ar, plantar e colher

Eu moldei no barro

As recordações que vivi com você


Violeiro toca moda à luz do luar

Sanfoneiro puxa o fole e

Convida a dançar

Vou pedir a Padim Ciço

Abençoe nosso povo

Essa fé vai nos guiar


Chão rachado, meu sertão

Peço a Deus pra alumiar

Terra seca que não seca a esperança

Arretada vocação de te amar

O sal da terra segue o meu destino

Sangue nordestino sempre a me orgulhar

A natureza cantada em meus versos

Traduz a beleza desse meu lugar

Linda morena vestiu-se de amor

Teceu a vida com fios dourados

Eu de chapéu de couro e gibão

Enfeitei o meu coração

E a moda desfilou ao seu lado

 

5- Paraíso do Tuiuti (São Cristóvão, Rio)

Enredo: "O Salvador da Pátria"

Carnavalesco: Jack Vasconcelos

Letra do samba:

(Compositores: Anibal / Cláudio Russo / Jurandir / Moacyr Luz / Zezé)


O meu bode tem cabelo na venta

O Tuiuti me representa

Meu Paraíso escolheu o Ceará

Vou bodejar lá iá lá iá


Vendeu-se o Brasil num palanque da praça

E ao homem serviu ferro, lodo e mordaça

Vendeu-se o Brasil do sertão até o mangue

E o homem servil verteu lágrimas de sangue


Do nada um bode vindo lá do interior

Destino pobre, nordestino sonhador

Vazou da fome, retirante ao Deus dará

Soprou as chamas do dragão do mar


Passava o dia ruminando poesia

Batendo cascos no calor dos mafuás

Bafo de bode perfumando a boemia

Levou no colo Iracema até o cais

Com luxo não! Chão de capim!

Nasceu muderna Fortaleza pro bichim


Pega na viola, diz um verso pra iô iô

O salvador! O salvador! (da pátria)


Ora meu patrão!

Vida de gado desse povo tão marcado

Não precisa de dotô

Quando clareou o resultado

Tava o bode ali sentado

Aclamado o vencedor


Nem berrar, berrou, sequer assumiu

Isso aqui iô iô é um pouquinho de Brasil

 

6- Mangueira (Morro da Mangueira, São Cristóvão)

Enredo: "História pra Ninar Gente Grande"

Carnavalesco: Leandro Vieira

Letra do samba:

(Compositores: Danilo Firmino / Deivid Domênico / Mamá / Márcio Bola / Ronie Oliveira / Tomaz Miranda)


Mangueira, tira a poeira dos porões

Ô, abre alas pros teus heróis de barracões

Dos Brasis que se faz um país de Lecis, jamelões

São verde e rosa, as multidões


Brasil, meu nego

Deixa eu te contar

A história que a história não conta

O avesso do mesmo lugar

Na luta é que a gente se encontra


Brasil, meu dengo

A Mangueira chegou

Com versos que o livro apagou

Desde 1500 tem mais invasão do que descobrimento

Tem sangue retinto pisado

Atrás do herói emoldurado

Mulheres, tamoios, mulatos

Eu quero um país que não está no retrato


Brasil, o teu nome é Dandara

E a tua cara é de cariri

Não veio do céu

Nem das mãos de Isabel

A liberdade é um dragão no mar de Aracati


Salve os caboclos de julho

Quem foi de aço nos anos de chumbo

Brasil, chegou a vez

De ouvir as Marias, Mahins, Marielles, malês

 

7- Mocidade (Padre Miguel, Rio)

Enredo: "Eu Sou o Tempo, Tempo É Vida"

Carnavalesco: Alexandre Louzada

Letra do samba:

(Compositores: Cabeça Do Ajax / Diego Nicolau / Jefinho Rodrigues / Jonas Marques / Marquinho Índio / Orlando Ambrosio / Richard Valença / Roni Pit'sTop)


Senhor da razão, a luz que me guia

Nos trilhos da vida escolhi amar

Estrela maior, paixão que inebria

Eu conto o tempo pra te ver passar


Olha lá, menino tempo

Tenho tanto pra contar

Era eu, guri pequeno

Pés descalços, meu lugar

Quando um toco de verso (ôôô)

Semeou a poesia (ê láiá)


Eu colhi a flor da idade

Vi na minha Mocidade

O raiar de um novo dia


Baila no vento, deixa o tempo marcar

Nas viradas dessa vida

Vou seguir meu caminhar

Ah! Quem me dera o ponteiro voltar

E reencontrar o mestre na avenida


Desmedido coração

No contratempo dessa ilusão

Ora machuca, ora cura dor

Do meu destino, compositor

Tempo que faz a vida virar saudade

Guarda minha identidade

Independente relicário da memória

Padre Miguel, o teu guri já não caminha tão depressa

Mas nunca é tarde pra sonhar

Vamos lá, a hora é essa!

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