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  • Foto do escritorRodrigo Trindade

Carnaval 2019|Grupo Especial: Mangueira é a campeã no Rio, com crítica à 'história oficial'

Atualizado: 7 de mar. de 2019

Viradouro conquista o vice e não é campeã por apenas 0,3 décimos. Vila Isabel fica em terceiro e Portela em quarto. Imperatriz Leopoldinense e Império Serrano são rebaixadas para a Série A.


Por Rodrigo Trindade e Tania de Paula. Do Rio de Janeiro.

*Fotos gentilmente cedidas pela Riotur.

Carnaval Rio 2019 - Mangueira - Foto: Gabriel Nascimento | Riotur
Carnaval Rio 2019 - Mangueira - Foto: Gabriel Nascimento | Riotur

Foi uma disputa acirrada, décimo a décimo, a apuração das notas dos desfiles das escolas de samba do Grupo Especial do Rio de Janeiro nesta quarta-feira de cinzas na Marquês de Sapucaí. A Estação Primeira de Mangueira foi a campeã com o enredo "História pra ninar gente grande", desenvolvido pelo carnavalesco Leandro Vieira e que confrontou a história "oficial" do Brasil, contada nos livros, e seus personagens políticos considerados "heróis".

Com um dos dois mais belos sambas de 2019 (junto com Tijuca), a verde e rosa foi a sexta a desfilar na segunda de Carnaval e deu um show na Avenida. Com letra crítica e tocante, refrões fortes e intrigantes, falando de descobrimento, independência, abolição e dizendo um não ao preconceito, a música foi uma das mais cantadas pelo público no Sambódromo, nas arquibancadas populares e não populares: houve grito de campeã, sobretudo nos últimos setores. Obteve os 40 pontos dos julgadores de samba-enredo. Outro ponto alto foi a bateria de mestre Wesley e suas bossas, uma delas apoiada em um "timbau": tirou 10 de todos os jurados.

A plástica também surpreendeu: alegorias gigantes e com imagens polêmicas e que chocaram os espectadores. O último carro, por exemplo, trouxe vários livros e, em cada grupo, encenação do que poderia ser a versão real da história, contrariando o que é contado nos livros. Fantasias coloridas e pertinentes também deram à Mangueira um bom resultado.

O desfile terminou com uma bandeira gigante do Brasil nos tons verde e rosa, com a frase "Negros, índios e favelados" substituindo o tão famoso e utópico "Ordem e Progresso". Junto à bandeira, uma multidão sendo representada, entre negros, gays e outros personagens da vida real brasileira, que o Brasil pouco conta ou até mesmo tenta esconder. Mangueira atingiu perfeição entre concepção e realização: plasticamente sensacional e conceitualmente impactante e emocionante. Desfilou com pinta de campeã.

Viradouro é vice-campeã e quebra tabu de que escola que sobe, desce ano seguinte

A Viradouro, escola de Niterói que por muitos anos fez bonito no Grupo Especial (inclusive teve Joãosinho Trinta como um de seus carnavalescos), mas que passou alguns anos na Série A, retornou com tudo: conquistou o vice-campeonato em 2019 e quebrou uma maldição: a das escolas que sobem em um ano e caem no outro, o famoso ioiô. Não precisou de "virada de mesa" nem outra atitude esdrúxula para ficar no Grupo Especial. Ficou por competência.


Apresentou o tema "Viraviradouro", de autoria e desenvolvimento do carnavalesco Paulo Barros; foi a segunda a desfilar na noite de domingo de Carnaval: surpreendeu com luxo, criatividade e emoção, falando de superação e abordando várias situações do cotidiano e usando metáforas através de personagens e cenas de cinema.

Foi um desfile tecnicamente perfeito, com harmonia, evolução, samba e bateria se encaixando perfeitamente com o momento na Sapucaí. Plasticamente, um espetáculo, com carros alegóricos "vivos" no estilo Paulo Barros, que teve até bruxas voando em vassouras pelo céu da Avenida; fantasias muito volumosas e com boa parte de seus componentes maquiados, de acordo com o contexto ali representado. Foi um dos melhores trabalhos de Paulo Barros em toda sua era. Talvez o melhor conjunto alegórico da vida do artista.

O Portal WTB News viu a escola ser ovacionada pelo público, sobretudo no final, com a última alegoria representando metaforicamente o retorno triunfal da Viradouro ao Grupo Especial, através de uma fênix renascida das cinzas. Vale ressaltar que, em uma era de escassez financeira dispensada às escolas, a Viradouro foi agraciada com pelo menos R$ 2 milhões e 200 mil por parte da Prefeitura de Niterói, uma ajuda bem-vinda e que elevou o nível e a qualidade de tudo que foi visto na Sapucaí. Dizem que dinheiro não traz felicidade, mas para a Viradouro, trouxe facilidade...em desenvolver tranquilamente um tema lúdico de forma "high-tech". Deu pinta de campeã. Foi sensacional. Perdeu para a Mangueira por apenas 0,3 décimos.

Tarde triste para Imperatriz e Império Serrano

A Imperatriz Leopoldinense, que contou a história do dinheiro, e Império Serrano, que homenageou Gonzaguinha e a vida, através de uma música do próprio artista, foram rebaixadas para a Série A. Críticos de Carnaval de vários sites já aguardavam o mal resultado destas duas agremiações, tanto pela parte plástica, quanto pelo desenvolvimento supostamente confuso do enredo. Julgadores parecem ter concordado, pelas notas tão baixas levadas por elas.

Confira a classificação geral:
Imagem: Reprodução/TV Globo
Imagem: Reprodução/TV Globo
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A TV Globo disponibiliza os desfiles na íntegra e de graça, na plataforma GloboPlay:









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