Chuva deu trégua e só veio no início da manhã, mas bem fraca.
*Com fotos gentilmente cedidas pela Riotur.
Diferente do que aconteceu na primeira noite de desfiles da Série A do Rio de Janeiro, uma sexta-feira marcada por um dilúvio na Marquês de Sapucaí, o sábado, segundo dia de apresentações deste grupo, foi de "paz e harmonia com São Pedro": a chuva até ameaçou cair bem fininha, deu aquela "peneirada", mas não foi para frente.
Seis agremiações desfilaram tranquilamente, porém Estácio de Sá foi a mais perfeita de todas as 13 (contando sexta e sábado), tanto do ponto de vista técnico quanto plástico, e tem grandes chances de ser a campeã - isso se houver justiça. Ou no mínimo, deve competir com Cubango e Inocentes de Belford Roxo, a segunda e a terceira melhor, respectivamente e na opinião da equipe do Portal WTB News.
Cubango, que desfilou nesta madrugada, também deve disputar primeiras colocações. Porto da Pedra emocionou com sua homenagem ao ator Antonio Pitanga, mas houve pequenas falhas que podem comprometer a pontuação final. Confira uma síntese sobre o espetáculo de cada escola:
1- Unidos de Bangu (Bangu, Rio)
A Unidos de Bangu foi a primeira escola a desfilar no sábado da Série A. Com enredo “Do ventre da Terra, raízes para o mundo”, desenvolvido pelos carnavalescos Alex de Oliveira e Edson Pereira, a vermelha e branca falou da importância da agricultura para o mundo e aproveitou para dar um grito de alerta: conscientizar as autoridades para o combate à fome e miséria. Um alimento específico foi o grande anfitrião para esta empreitada: a batata, legume tão consumido pelos brasileiros, serviu de gancho para a temática, bastante interessante e que foge da mesmice. Plasticamente bonita e dentro das possibilidades financeiras, a narrativa do enredo foi bastante feliz. Um dos pontos altos foi o colorido das fantasias e alegorias. Mas um ponto fraco pode tirar décimos preciosos: falhas de acabamento. A alegoria quatro, por exemplo, desfilou com um boneco visivelmente quebrado, além de revestimentos descolando. O carro três também estava com vários pontos avariados, o que pode despertar a atenção dos julgadores. No mais, abriu os desfiles com alto astral, com bom e empolgante samba. Foi um bom desfile. - Clique e veja mais fotos da Unidos de Bangu
2- Renascer de Jacarepaguá (Tanque, Jacarepaguá, Rio)
Segunda a desfilar neste sábado, a Renascer de Jacarepaguá abordou o tema "Dois de Fevereiro no Rio Vermelho", uma referência às homenagens à Iemanjá, que acontecem no bairro Rio Vermelho, em Salvador, Bahia. O enredo foi desenvolvido pelos carnavalescos Raphael Torres e Alexandre Rangel. A vermelha e branca foi uma das escolas mais prejudicadas financeiramente pela falta de verba, sobretudo com a diminuição do aporte dado pela Prefeitura do Rio. Aliado a este problema, o barracão de alegorias da agremiação é bastante precário e insalubre. Como consequência disso tudo, não poderia ser diferente o resultado: um desfile mediano, com pontos altos e baixos; dois pontos fortes foram o samba (encomendado e de autoria de Moacyr Luz e cia, grupo que quase sempre recebe nota 40) e o entendimento do enredo, que embora muito explorado por outras escolas, teve uma narrativa didática e bastante alegre. Mas alegorias mal acabadas, algumas monótonas e sem brilho, deixaram a desejar. A Renascer deve se dar muito bem nos quesitos de chão, sobretudo em harmonia, samba, bateria e garra de seus componentes, emocionantemente impecáveis. Mas se depender apenas da plástica, o resultado pode não ser bom. - Clique e veja mais fotos da Renascer
3- Estácio de Sá (Morro de São Carlos, Estácio, Rio)
Com quesitos fortes e mais completos de todas as 13 escolas da Série A deste Carnaval de 2019, a Estácio de Sá, terceira a desfilar desta noite, desponta verdadeiramente como a primeira agremiação com mais chances de ser campeã. Multicolorida, a vermelha e branca do Morro de São Carlos contou o tema "A fé que emerge das águas", desenvolvido pelo carnavalesco Tarcísio Zanon: trata-se da história de um Jesus negro, o Cristo Negro de Portobelo, imagem encontrada no mar do Caribe. Apesar da temática um pouco difícil para quem está vendo o desfile, ainda assim muitos pontos altos abrilhantaram a passagem da escola: bom samba e bateria, alegorias grandiosas e impecáveis, fantasias volumosas e evolução tecnicamente perfeita e sem buracos. Mostrou que mesmo com verba curta na Série A, ainda é possível tirar água de pedra e, quem sabe, desfilar ano que vem no Grupo Especial: é o que é bem provável acontecer. - Clique e veja mais fotos da Estácio
4- Porto da Pedra (São Gonçalo, RJ)
Quarta a desfilar, a Unidos do Porto da Pedra mostrou que as garras do Tigre de São Gonçalo estão bem afiadas, apesar dos inúmeros problemas enfrentados ao longo do desenvolvimento da homenagem ao ator Antonio Pitanga, sob o tema "Antônio Pitanga, um negro em movimento", desenvolvido pelo carnavalesco Jaime Cezário. A escola teve uma série de tormentos. O primeiro deles foi um um incêndio em seu barracão de alegorias ano passado, o que consumiu vários materiais e ainda um chassi de alegoria, agravando ainda mais a situação financeira. Como se não bastasse, recebeu um patrocínio de apenas R$ 60 mil por parte da Prefeitura de São Gonçalo para realizar seu desfile, segundo informações de um importante membro da direção da agremiação. Mesmo assim, com o chão forte de seus componentes e unindo forças em várias frentes, além de reciclar e reaproveitar muitos materiais, a equipe conseguiu fazer uma bela homenagem ao artista, que participou de mais de 50 filmes e 30 trabalhos na televisão. Foi um desfile colorido, alegre e divertido. A comissão de frente foi um dos pontos altos: mostrou o homenageado na infância e sua transformação; fantasias muito ricas e coloridas também deram o tom do desfile. Apresentou carros alegóricos de muito bom gosto e realização. Um ponto fraco, porém, pode despertar a atenção dos julgadores: tanto o segundo quanto o terceiro carro apresentavam visíveis defeitos de acabamento, principalmente na parte de cima, com buracos que evidenciavam ferragens e tecidos descolando. A evolução também tem sido uma pedra no caminho da escola: buracos enormes, tanto entre alegorias e alas, quanto após o segundo recuo de bateria podem fazer a diferença na pontuação final. Em resumo, comissão de frente, casal de mestre-sala e porta-bandeira, samba emocionante, bateria afinada, chão forte com seus componentes, leitura fácil do enredo são os pontos mais fortes. Foi um bom desfile, mas de altos e baixos em alegorias e em evolução. Caso dispute o título, pode ser prejudicada por preciosos décimos em evolução e alegorias. - Clique e veja mais fotos da Porto da Pedra
5- Império da Tijuca (Morro da Formiga, Tijuca, Rio)
Quinta a desfilar, a Império da Tijuca contou a história do café, talvez a bebida mais apreciada do mundo, apoiada no tema "Império do Café, o Vale da Esperança", desenvolvido pelo carnavalesco Jorge Caribé. A verde e branca fez homenagem aos escravos negros, que
construíram a riqueza cafeeira no Brasil; falou, também, do surgimento das cidades do Vale do Café, no interior do Estado do Rio de Janeiro. Houve riqueza de detalhes, tanto nas alegorias, grandiosas e bem acabadas, quanto nas fantasias, bastantes criativas e coloridas, mas sempre mantendo o tom de cor verde da agremiação. Foi um desfile bonito e tecnicamente perfeito. - Clique e veja mais fotos da Império da Tijuca
6- Acadêmicos do Cubango (Niterói, RJ)
A Acadêmicos do Cubango fechou a segunda e última noite de desfiles da Série A do Rio de Janeiro falando sobre os amuletos. Apoiada no tema “Igbá Cubango - a alma das coisas e a arte dos milagres”, desenvolvido pelos carnavalescos Leonardo Bora e Gabriel Haddad, a verde e branca contou a história dos objetos de devoção que conectam os seres humanos ao sagrado, através das raízes do povo negro e indígena. Apresentou carros alegóricos coloridos e ricos em detalhes, além de fantasias muito bem resolvidas. Foi uma das surpresas da noite: houve sucesso tanto conceitualmente quanto plasticamente, com boa evolução e sem falhas de acabamento. A excelência pode ter sido resultado de uma boa ajuda dada pela Prefeitura de Niterói: um aporte de R$ 1 milhão e 400 mil. Pode disputar as primeiras colocações. A Sossego, também niteroiense e que desfilou na sexta-feira, passou sorrindo: recebeu R$ 500 mil e fez um desfile digno e que poderá, no mínimo, manter a escola na Série A, podendo até ficar em uma das melhores colocações da vida da azul e branca.
*Referência para informações técnicas do desfile: Roteiro dos Desfiles
**Fotos gentilmente cedidas pela Riotur
(e entenda o enredo setor a setor, ala a ala das escolas que desfilaram neste sábado)
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