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  • Foto do escritorRodrigo Trindade

Carnaval 2019|Série A|Com forte chuva, duas de sete escolas se destacam em primeira noite

Atualizado: 6 de mar. de 2019

Unidos de Padre Miguel e Inocentes de Belford Roxo foram as melhores.

*Fotos gentilmente cedidas pela Riotur ao Portal WTB News.

A primeira noite de desfiles da Série A do Rio de Janeiro foi marcada por muita chuva, problemas de acesso de alegorias ao realizar a curva entre a Avenida Presidente Vargas e a Marquês de Sapucaí, mas também por muitos aspectos emocionantes: reverências religiosas, homenagens que valeram a pena e superação das próprias escolas em realizar os desfiles, sobretudo pela falta de dinheiro e algumas, até de barracão para confeccionar alegorias.



Quatro escolas fizeram ótimos desfiles. Duas, porém, foram melhores: Unidos de Padre Miguel e Inocentes de Belford Roxo devem disputar boas colocações. Confira uma pequena síntese das sete agremiações que desfilaram na noite desta sexta-feira:

Desfiles da Série A. Foto: Daniel Quintanilha| Riotur
Desfiles da Série A. Foto: Daniel Quintanilha| Riotur

1- Unidos da Ponte

A Unidos da Ponte (São João de Meriti, Baixada Fluminense) foi a primeira escola a desfilar. Iniciou por volta das 23h, com meia hora de atraso por conta da chuva forte. A azul e branca fez uma releitura do enredo "Oferendas", apresentado no desfile de 1984, uma reverência aos ritos feitos para cada orixá nas religiões de origem africana, como a umbanda e o candomblé. Com uma apresentação surpreendente para uma iniciante na Série A, teve como ponto alto o bom acabamento e bom gosto dos carros alegóricos, apesar do orçamento financeiro reduzido. A parte plástica e o desenvolvimento do enredo ficaram por conta de uma dupla de jovens carnavalescos: Guilherme Diniz e Rodrigo Marques. Foi um bom desfile.


2- Alegria da Zona Sul

A Alegria da Zona Sul (Cantagalo e Pavão-Pavãozinho, Copacabana) foi a segunda a desfilar, também debaixo de muita chuva. Com enredo "Saravá, Umbanda", reverenciou e contou a história desta religião. Sob a ótica do carnavalesco Marco Antonio Falleiros, a vermelha e branca levou para a Sapucaí religiosidade, caridade, amor, fé e o ponto mais alto: emoção. É que a Alegria foi a escola mais prejudicada após a desocupação dos antigos galpões da Zona Portuária do Rio: ficou sem barracão e só iniciou a confecção de seus carros alegóricos no final de janeiro, quando adaptou um terreno na Avenida Brasil para realizar os trabalhos, até então bastantes atrasados. Fez um desfile surpreendente para a situação da escola. Deve perder um décimo por terminar aos 56 minutos, dos 55 regulamentados. Embora não brigue pelas primeiras colocações, pode se considerar uma vencedora, frente aos problemas estruturais, que a deixaram quase sem barracão. Foi um bom desfile.


3- Acadêmicos da Rocinha

Terceira a desfilar, ainda sob chuva, a Acadêmicos da Rocinha (Rocinha, São Conrado) levou para a Avenida "Bananas para o Preconceito", uma espécie de grito de repreensão ao preconceito. Através das mãos do carnavalesco Júnior Pernambucano, homenageou dezenas de personalidades negras e abordou da religiosidade à intelectualidade das pessoas. Lembrou Mussum, Grande Otelo, Elza Soares, dentre outros artistas que fizeram e fazem parte da história da cultura. Entre os pontos altos da escola, destacam-se as homenagens às personalidades, momento bastante emocionante do desfile, além do bom acabamento dos carros alegóricos. Foi um ótimo desfile.


4- Acadêmicos de Santa Cruz

Quarta a desfilar, a Acadêmicos de Santa Cruz (Santa Cruz, Zona Oeste do Rio) reverenciou uma das maiores artistas do país, com o enredo: “Ruth de Souza – Senhora liberdade, abre as asas sobre nós”. Com o desenvolvimento do carnavalesco Cahê Rodrigues, a verde e branca contou vida e obra da atriz, hoje aos 97 anos de idade. Um dos pontos altos plásticos foi o carro abre-alas, bastante impactante: iniciou a homenagem com uma versão do Teatro Municipal do Rio, o mais importante da Capital Federal, onde, pela primeira vez, atores negros teriam representado a obra “Imperador Jones”, de Eugene O’Neill. Ao lado de Abdias, Ruth teria feito um dos papéis principais. A atriz veio à frente do carro, sentada, em uma parte bastante iluminada, o que a destacou ainda mais. Alegorias da escola tiveram bastantes dificuldades em realizar a curva de entrada ao Sambódromo: devido à forte chuva, travavam, formando buracos à frente. Além disso, deve perder um décimo por terminar a apresentação aos 56 minutos, dos 55 regulamentados. Tirando estes intempéries, fez um ótimo desfile.


5- Unidos de Padre Miguel

A Unidos de Padre Miguel (Vila Vintém, Padre Miguel, Rio) foi a quinta escola a desfilar desta sexta-feira. Teve um privilégio: fez a chuva parar. Levou para a Marquês de Sapucaí o tema “Qualquer semelhança não terá sido mera coincidência”, uma homenagem à vida e obra do escritor Dias Gomes, famoso pelo estilo de arte chamado "realismo fantástico". Com plástica e acabamento de qualidade, alas com fantasias volumosas e bem elaboradas e temática agradável, a vermelha e branca fez o melhor desfile da noite, assinado pelo carnavalesco João Vitor Araújo. Em anos anteriores, vem "batendo na trave" e sendo vice. A escola ultrapassou três minutos, do máximo de 55 regulamentados: terminou aos 58 minutos e poderá perder três décimos. Ainda assim, deve brigar, novamente, pelas primeiras colocações. Foi um desfile espetacular.

6- Inocentes de Belford Roxo

Sexta a desfilar, a Inocentes de Belford Roxo (Belford Roxo, Baixada Fluminense) abordou o enredo "O Frasco do Bandoleiro", um paralelo entre as crendices de pessoas que guardam fortunas enterradas em seus quintais, no Nordeste do país, e cenas de casos atuais de corrupção. O desenvolvimento ficou a cargo do carnavalesco Marcus Ferreira. A escola teve vários pontos altos, desde a plástica à leitura do enredo: fantasias bastantes criativas e visualmente bonitas, carros alegóricos grandes e bem acabados, além de uma narrativa alegre, consagrando-se como um dos melhores desfiles da noite (ao lado de Unidos de Padre Miguel), podendo brigar pelas primeiras colocações. Foi um desfile espetacular.



7- Acadêmicos do Sossego

Quem fechou a primeira noite de desfiles da Série A foi a Acadêmicos do Sossego (Niterói, RJ), com o tema “Não se meta com a minha fé. Eu acredito em quem quiser”, uma espécie de manifesto contra a intolerância religiosa e pelo o acolhimento de todas as crenças. O desenvolvimento do enredo começou com o carnavalesco Leandro Valente, mas por algum motivo, foi terminado por Rodrigo Almeida. Plasticamente, a escola estava bem vestida e as alegorias bastantes ricas e bem acabadas (diferente do ano passado). Como um dos pontos altos, grandes esculturas e iluminação, que abrilhantavam ainda mais os carros. Polêmica: mesmo que a escola negue, uma imagem vale mais do que mil palavras. No abre-alas, a azul e branca trouxe uma espécie de barca, com "seres de luz e outros sem luz". Em uma das esculturas, via-se claramente um rosto parecidíssimo com o do atual prefeito do Rio, Marcelo Crivella, num personagem aparentemente "monstrengo". Fechando o desfile, o ex-prefeito Eduardo Paes também foi lembrado, mas desta vez, sob a face de um pai de santo sorridente, dando boas-vindas às pessoas a um terreiro religioso. Foi um bom desfile.


*Referência para informações técnicas dos desfiles: Roteiro dos Desfiles

(e entenda o enredo setor a setor, ala a ala das escolas que desfilaram nesta sexta-feira)


**Fotos gentilmente cedidas pela Riotur

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A TV Globo disponibiliza os desfiles na íntegra e de graça, na plataforma GloboPlay:
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