Rodrigo Trindade
- 6 de mar. de 2019
- 3 min de leitura

Carnaval 2019|Série A: Estácio de Sá é a campeã com o 'Cristo Negro' do Caribe

Cubango, escola de Niterói, conquista o vice-campeonato falando sobre amuletos. Alegria da Zona Sul é rebaixada para a Série B.

*Fotos gentilmente cedidas pela Riotur.

A Estácio de Sá retorna ao Grupo Especial: é a grande campeã da Série A, conforme apuração das notas de quesitos no fim da tarde desta quarta-feira de cinzas, na Marquês de Sapucaí, no Rio de Janeiro. Teve 270 pontos. Com quesitos fortes e mais completos de todas as 13 escolas da Série A deste Carnaval de 2019, a Estácio de Sá, terceira a desfilar no sábado de Carnaval, despontou verdadeiramente como a primeira agremiação com mais chances de ser campeã.

Multicolorida, a vermelha e branca do Morro de São Carlos contou o tema "A fé que emerge das águas", desenvolvido pelo carnavalesco Tarcísio Zanon: trata-se da história de um Jesus negro, o Cristo Negro de Portobelo, imagem encontrada no mar do Caribe. Apesar da temática um pouco difícil para quem estava vendo o desfile, ainda assim muitos pontos altos abrilhantaram a passagem da escola: bom samba e bateria, alegorias grandiosas e impecáveis, fantasias volumosas e evolução tecnicamente perfeita e sem buracos.

A Acadêmicos do Cubango, escola de Niterói, Região Metropolitana do Rio, ficou em segundo lugar. Apoiada no tema “Igbá Cubango - a alma das coisas e a arte dos milagres”, desenvolvido pelos carnavalescos Leonardo Bora e Gabriel Haddad, a verde e branca contou a história dos objetos de devoção que conectam os seres humanos ao sagrado, inclusive os amuletos, através das raízes do povo negro e indígena. Apresentou carros alegóricos coloridos e ricos em detalhes, além de fantasias muito bem resolvidas. Foi uma das surpresas da noite: houve sucesso tanto conceitualmente quanto plasticamente, com boa evolução e sem falhas de acabamento. A excelência pode ter sido resultado de uma boa ajuda dada pela Prefeitura de Niterói: um aporte de R$ 1 milhão e 400 mil. Teve um total de 269,05 pontos na apuração, perdendo para a Estácio por meio ponto.

A Alegria da Zona Sul, que homenageou a Umbanda, contando a história da religião afro-brasileira, infelizmente foi rebaixada para a Série B. Com desfile digno e dentro de suas possibilidades financeiras, ainda assim não conseguiu sensibilizar os julgadores acerca de seus problemas. A vermelha e branca do Pavão-Pavãozinho (Copacabana) teve inúmeros intempéries ao longo da organização do seu desfile. O pior deles foi perder o barracão de alegorias na Zona Portuária da capital e ter seu problema resolvido apenas no fim de janeiro: um terreno na Avenida Brasil foi adaptado para que os trabalhos continuassem. Ainda assim, a escola perdeu muito tempo e teve um espaço curto para se estruturar. Não competiu em igualdade com outras agremiações, o que é lamentável.