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  • Foto do escritorRodrigo Trindade

'Niterói está de parabéns em apoiar suas escolas', diz novo carnavalesco da Sossego

Ex-Alegria da Zona Sul, Marco Antonio Falleiros promete uma escola de "cara nova".


As escolas de samba do Rio de Janeiro já estão acostumadas a enfrentar intempéries como, por exemplo, a verba curta ou insuficiente para desenvolver seus desfiles, entre outros problemas pontuais, mas que até então sempre eram resolvidos com muita criatividade. Materiais caros e mão de obra à mesma altura, além da necessidade de fazer o espetáculo crescer em tamanho e qualidade oneraram o custo final. Cada escola costuma buscar apoio e/ou patrocínio à sua moda. Quem consegue mais apoios, sai na frente. Quem tem patronos, desfila melhor.

Bolo cortado pela metade e 'saudades de Dudu Paes'

Fato é que, ainda assim, as agremiações sempre se viraram para fechar a conta: tira daqui, põe dali, junta de um e de outro e, como diz o velho e já batido ditado, "de grão em grão a galinha enche o papo". Mas neste ano de 2019, a situação ficou muito feia. Sobretudo para as escolas da Série A. No Especial, houve corte de verba pela metade e cada uma teria recebido apenas R$ 500 mil; na Série A, R$ 250 mil. Há quem diga que houve, no ar, uma imensa saudade do ex-prefeito e sambista portelense Eduardo Paes.


Por questões políticas, uma empresa de aplicativo de transporte resolveu sair da cota de patrocínio, o que representou um chute no estômago e o agravamento da crise. Quem conseguiu minimizar a situação foi o governador Wilson Witzel, que viabilizou através da Light, empresa de energia da capital, patrocínio que ajudou (bem em cima da hora) cada uma das escolas com pouco mais de R$ 1 milhão - ainda assim, apenas para o Grupo Especial.

Niterói se destaca na Sapucaí

O que foi observado, porém, é que as três agremiações que representam a cidade de Niterói, Unidos do Viradouro, Acadêmicos do Cubango e Acadêmicos do Sossego, fizeram desfiles de muita qualidade: Viradouro se destacou e foi a vice-campeã do Grupo Especial; Cubango bateu na trave e conquistou o vice na Série A; e a Sossego, embora tenha feito um desfile bastante rico, em comparação ao ano passado, conquistou apenas o décimo-segundo lugar, mas com apresentação digna. Permaneceu na Série A sem precisar de virada de mesa.


Um fato, nada inédito, porém, que ajudou bastante as três foi o aumento da subvenção que a Prefeitura de Niterói disponibilizou. Viradouro foi agraciada com pelo menos R$ 2 milhões e 200 mil; a Cubango passou sorrindo com um aporte de R$ 1 milhão e 400 mil; e a Sossego, "menor" entre as irmãs, recebeu R$ 500 mil, o que ainda assim ajudou bastante. Foi um trocado a mais para elas, em comparação aos anos anteriores.

Palavras de um artista que está acostumado a driblar crises
Marco Antonio, carnavalesco contratado pela Sossego. Foto: Rodrigo Trindade
Marco Antonio, carnavalesco contratado pela Sossego. Foto: Rodrigo Trindade

O Portal WTB News conversou com Marco Antonio Falleiros, carnavalesco com muita experiência em "tirar água de pedra". Teve passagem por várias escolas e seus trabalhos mais recentes foram na Em Cima da Hora (atualmente na Série B) e na Alegria da Zona Sul, por quatro belos Carnavais (2016-2019). Recém-contratado pela niteroiense Acadêmicos do Sossego, o artista não esconde o sorriso largo e já faz promessas:


"Fiquei muito feliz quando recebi o convite e não pensei duas vezes em aceitar. Viremos com um enredo de peso e com uma plástica limpa e diferenciada em acabamento. Aguardem uma Sossego de cara nova em 2020, pois vai ser surpreendente".


Marco Antonio passou por diversos problemas na Alegria, ao longo do desenvolvimento do Carnaval de 2019. A escola perdeu seu barracão, que era localizado na Zona Portuária do Rio, e houve uma demora muito grande no "socorro": apenas em meado de janeiro houve o improviso de um terreno na Avenida Brasil para que as alegorias fossem confeccionadas. Vale dizer que a vermelha e branca do Pavão-Pavãozinho não competiu em igualdade com outras escolas e por uma forte injustiça, foi rebaixada para a Série B.


Tocando o barco para 2020 e esquecendo os problemas, o novo carnavalesco da azul e branca do Largo da Batalha respondeu a uma pergunta bastante polêmica feita por nossa reportagem, acerca da necessidade das prefeituras continuarem a investir na maior festa popular ao ar live do mundo. Ele está bastante esperançoso em encontrar na Sossego uma estrutura melhor e muito mais apoio para trabalhar:


"Temos que valorizar e aplaudir quando um prefeito e uma prefeitura reconhecem o valor das escolas de samba. Deve-se esquecer, neste momento, as diferenças ideológicas e pensar que o samba é um movimento de resistência cultural. Todos deveriam se espelhar em Niterói e, de alguma forma, viabilizar uma ajuda às escolas. Os desfiles atraem turistas do mundo todo, além de trazer, também, investimento para o estado. Tem que ter visão. Porém, nosso samba agoniza, mas jamais morrerá. Parabéns à prefeitura niteroiense por ter visão", comenta o carnavalesco.

Opinião do Portal WTB News

É fato que, além de gerar emprego e renda e servir como movimento de resistência cultural, as escolas de samba divulgam suas cidades de origem mundo afora. É errôneo e retrógrado um governo contemporâneo pensar o contrário.


Caso em 2020 seja aplicada a mesma fórmula matemática de ajuda de custo, as "três irmãs" niteroienses incomodarão bastante, pois poderão vir financeiramente fortes e competitivamente grandes. Mas, e na Cidade Maravilhosa? O que acontecerá com as grandes escolas? Será, mais uma vez, um vergonhoso "salve-se quem puder"? Vamos aguardar.

Leia mais sobre os desfiles de 2019! Reveja fotos, textos e análises de nossa equipe:

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A TV Globo disponibiliza os desfiles na íntegra e de graça, na plataforma GloboPlay:

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